Continuemos então. Tinha voltado a trabalhar com o Mário Viegas e logo que saía da Sic ia para o São Luiz e trabalhava e convivia com todos os membros da Companhia Teatral do Chiado. Embora o "Europa Não! Portugal Nunca!", tenha estreado antes de "A Grande Magia", eu, preferi acabar o post anterior daquela maneira porque o Santos Manuel também entrava em "A Grande Magia".
Página do Se7e para Mário Viegas e o seu "Europa Não! Portugal Nunca!", 1994.
Assim este post começa com o "Europa Não! Portugal Nunca!". Quando o Mário pensou neste "one man show", nunca lhe passou na cabeça candidatar-se à Presidência mas aos poucos foi brincando com a ideia mas no fundo nunca quis candidatar-se a sério. Mas, foi aproveitando todas as possibilidades de se falar nele e na sua companhia de teatro.
Europa Não! Portugal Nunca! (1994)
Criação, concepção, encenação e tudo
por Mário Viegas
Mário Viegas num excerto do espectáculo Europa Não! Portugal Nunca! (1994), integrado na pré pré candidatura á presidência da republica das laranjas de Portugal. Com um inicio fabuloso, Mário Viegas canta o hino e mete todo o povinho a cantar também.
Mário Viegas em "Europa Não! Portugal Nunca!". Foto retirada de video.
Destaque do Se7e para Mário Viegas e o seu "Europa Não! Portugal Nunca!", 1994.
Mário Soares a assistir a "Europa Não! Portugal Nunca!", 1994.
Copiado da AUTO-PHOTO BIOGRAFIA DE Mário Viegas
Critica de Carlos Porto no Jornal de Letras em 1995.
Critica de Rosário Anselmo e artigo sobre a peça na revista Visão, 1994.
Foto retirada de jornal e declarações de Mário Viegas
á revista Visão num artigo sobre "Má Lingua".
Fotos de um jantar de convívio de parte do elenco da companhia em 1994? na Tasca do Manel no Bairro Alto. A certa altura tínhamos um inglês (Richard Halstead) na CTC e os pais dele vieram visitá-lo e fomos todos jantar. Da esquerda para a direita: Rita Lello, Eduardo Firmo, Mário Viegas, ao fundo os pais do Richard e o próprio, Simão Rubim, eu e a Célia.
Simão Rubim, eu, Célia , Juvenal Garcês, Rita Lello e Mário Viegas, no mesmo jantar.
Rita Lello, Eduardo Firmo, a mãe do Richard e o próprio, Simão Rubim, eu, Célia e Juvenal Garcês.
Em 1995 o Mário Viegas tinha uma coluna no Diário Económico, onde escrevia sobre o que lhe desse na gana (geralmente sobre Teatro) e diga-se com total liberdade. Não sei em que data saiu esta crónica.
"Os 10 Mandamentos para 1
espectador de Teatro”
por
Mário Viegas
1. Não
chegarás atrasado, incomodando a concentração daqueles que estão a Representar
e dos outros (que chegaram religiosamente a horas) que estão a assistir ao
Santo Sacrifício do Teatro.
2. Não
falarás baixinho, com o ou a acompanhante; incomodando com a tua inclinação de
cabeça o Espectador de trás, e distraindo os Actores celebrantes do Santo
Sacrifício do Teatro.
3. Não adormecerás
nem ressonarás, dando marradas para a frente ou para trás, ou pondo a mão nos
olhos para os outros pensarem que estás muito concentrado no Santo Sacrifício
do Teatro.
4. Não
tossirás nem te assoarás, com grande ruído, escolhendo as melhores pausas dos
celebrantes do Santo Sacrifício do Teatro.
5. Não te
abanarás constantemente com o programa, distraindo os que estão religiosamente
ao teu lado, e, irritando os que estão no palco a celebrar o Santo Sacrifício
do Teatro.
6. Não
comerás rebuçados, pipocas, caramelos, chocolates, pastilhas, compridos:
tirando-os muito devagarinho, fazendo com o papel e as pratinhas o mais
diabólico, satânico e herético ruído numa sala de espectáculos em que se
celebra o Santo Sacrifício do Teatro.
7. Não
levarás relógios com pipis electrónicos, telemóveis e sacos de plásticos que
andarás constantemente a pôr, ora entre as pernas, ora no colo, perturbando os
que celebram o Santo Sacrifício do Teatro.
8. Não lerás
ou folhearás o programa durante a celebração do Santo Sacrifício do Teatro para
tentar saber qual o nome de determinado Actor, ou para tentar perceber a
sequência do Santo Sacrifício do Teatro.
9. Não
pedirás borlas ou insistirás em descontos, a que não tens direito, para
assistir à celebração do Santo Sacrifício do Teatro.
10. Não
olharás "com as grandes ventas" para o vizinho do lado, que achou
religiosamente Graça ao que tu não achaste, ou que piamente e cheio de Fé, se
levantou logo para aplaudir, enquanto tu bates palmas por frete e já a pensar
ir a correr para tirar a porcaria do teu carrinho, ou a porcaria do teu
sobretudo do bengaleiro, mais cedo do que os outros.
O Homem Elefante
de Bernard Pomerance (1994)
Encenação de Mário Viegas
(Peça que se ficou pelos ensaios)
«A história
de O Homem Elefante não começou nas ruas de Londres. Começou no Chiado com a
Companhia do saudoso Mário Viegas. Na altura, eu tinha vinte anos e fui
convidada pelo Mário para participar, como actriz, precisamente nesta peça de
Bernard Pomerance. Podem imaginar o que representou para mim trabalhar com o
senhor poesia da minha infância. Um sonho e uma honra. Trabalhámos durante
quatro meses, com o Mário já bastante doente, até que ele desistiu e decidiu
encenar Uma Comédia às Escuras, de Peter Shaffer. Ainda hoje não percebo a
razão dessa desistência. Talvez fosse a trágica lucidez de estar perto do fim
que o levou à inevitável comédia. Quando a Companhia Teatral do Chiado fez
cinco anos, convidou-me para encenar o Vai e Vem de Samuel Beckett, a minha
estreia na encenação. Foi ele que me deu confiança para agarrar num texto e
interpretá-lo para outros o interpretarem, primeiro os actores e depois o
público. E, desde então, nunca mais esqueci a história deste homem singular. Um
monstro que afinal não era um monstro, mas que queria ser igual aos
outros.»
Sandra
Faleiro – Excerto de “O Homem Viegas”. In O Homem Elefante: [Programa]. Lisboa:
Teatro Nacional D. Maria II, 2010.
Rita Lello na época dos ensaios de O Homem Elefante. Na parede está o cartaz da peça.
foto francisco grave.
Uma Comédia Ás Escuras
de Peter Shaffer (1995)
Encenação de Mário Viegas
Na adaptação
da peça para Portugal, o Mário teve mais um bonito gesto para comigo e fez
passar toda a acção na Rua Francisco Grave. A certa altura alguém dizia: «grave? claro que é grave. É a rua francisco grave». Era uma peça muito engraçada, que
já tinha sido feita em 1972 pelo Artur Ramos com o nome de O Fusível e com a
Manuela de Freitas num dos papeis, nos inícios da sua carreira. Antes de O
Fusível, o Mário pensou encenar a peça; O Homem-Elefante, tendo gasto um
dinheirão no cenário que era uma grade de ferro que enchia o teatro, parecida com as que se usam
nos circos, para os leões. Mas, a coisa deu para o torto e o Mário decidiu
encenar Uma Comédia ás Escuras e que foi a sua última encenação teatral.
O elenco de Uma Comédia Ás Escuras: Sandra Faleiro, Manuela Cassola, Rita Lello sentadas e de pé, Carlos Pisco, Simão Rubim, Mário Viegas, Pedro Tavares e João Nuno Carracedo, falta aqui o Juvenal que devia estar a tirar a foto.
O elenco de Uma Comédia Ás Escuras: Sandra Faleiro, Manuela Cassola, Rita Lello sentadas e de pé, Carlos Pisco, Simão Rubim, Mário Viegas, Pedro Tavares e João Nuno Carracedo, falta aqui o Juvenal que devia estar a tirar a foto.
Nesta altura já não havia dinheiro ou era necessário para outras coisas,
e não houve programa, apenas estas folhas foram distribuídas ao público.
Artigo
de opinião de Mário Viegas
in, Diário Económico, 13-10-1995
in, Diário Económico, 13-10-1995
Como
estrear no S. Luiz «uma comédia às escuras»
numa sexta-feira-13 ou sinais dos
céus
A Companhia Teatral do
Chiado (que tenho o prazer de dirigir artisticamente, há 5 anos) estreia hoje
às 21.45, «Uma Comédia às Escuras», de Peter Shaffer, o famoso autor de
«Amadeus», que tive o prazer de ver em Londres, em Maio de 1981, numa notável
encenação de Peter Hall, no National Theatre.
Não há pessoas mais
supersticiosas que a gente do Teatro. Mas está é a 3ª peça que estreio a 13 e,
ainda por cima, sexta-feira. Dá-me sorte, o que é que querem?!...
Esta peça chama-se, no
original «Black Comedy» e já foi representada no Teatro Villaret, com enorme
êxito, em 1967 com o título «O Fúsivel»! Foi a última peça representada por um
grande Actor cómico muito esquecido: Humberto Madeira. E ainda por outro grande
Actor cómico: Barroso Lopes. A rapariga principal era a Manuela de Freitas que
passava a vida a aconselhar-me esta Farsa hilariante num só acto. Até que
chegou a vez. É o Destino!!!
Mas é que houve uns
«Sinais dos Céus», que me levaram a escolher e ensaiar a peça. Calculem que fui
a Londres com o meu querido Juvenal Garcês (co-sócio da Companhia Teatral do
Chiado) e a Rita Lello, a mais bela actriz da nova geração (convém dizer isto,
pois é ela que faz o favor de passar à máquina estes artigos semanais…). Estou
a brincar, claro. E ela está Linda!!!
Mas, como ia dizendo,
fomos a Londres, uma semana ver Teatro. Morri de curiosidade de ver «A Grande
Magia» de Eduardo De Filippo, foi a nossa última produção. E diga-se de
passagem, que a nossa versão era mais interessante.
Ora, na livraria do
«Teatro Nacional», vejo numa prateleira alta, vários livros de Peter Shafer,
autor de «Amadeus», «Equus», «Exercício Para Cinco Dedos» e «Felicidade e «Erva
Doce», que já foram encenadas entre nós com grande êxito e excelentes actores.
Puxei os livros e caiu
um deles ao chão e ficou com a capa voltada para cima. E não é que era a edição
de «Black Comedy»? Primeiro Sinal dos Céus!!!
«Trouxemos» o livro e
fomos jantar com ele no bolso. Lembrei-me, por curiosidade de ver em que ano e
data tinha estreado. E lá estava: 25 de Julho de 1965. Estávamos precisamente
no dia 25 de Julho!! Segundo Sinal dos Céus!!!
A peça estreou no
Teatro Drury Lane, com Maggie Smith e Albert Finney, os geniais actores
ingleses de Teatro e Cinema. E não é que o Teatro era mesmo ao lado do
restaurante onde estávamos?! Terceiro Sinal dos Céus!!!
A estreia foi às
dezanove e trinta! E eram naquele momento dezanove e trinta!!! Quarto Sinal dos
Céus!!!
(Texto encontrado em pancadademoliere.blogspot.pt)
Duas Comédias Sem Palavras
de Samuel Beckett (1995)
Vai e Vem - Encenação de Sandra
Faleiro
Acto sem Palavras II - Encenação de Carlos Pisco
"Programa" de "Duas Comédias Sem Palavras" de Samuel Beckett, 1995.
"Programa" de "Duas Comédias Sem Palavras" de Samuel Beckett, 1995.
Nessa época conturbada o Mário Viegas deu oportunidade á Sandra Faleiro e ao Carlos Pisco de encenarem pela primeira vez, e eu fiz a iluminação. Não me lembro das datas mas deve ter sido a meio de 1995, porque em setembro desse ano fui á Colombia fazer uma digressão com a Maria do Céu Guerra, e quando regressei entrei para o hospital logo nos começos de outubro e só saí em janeiro de 1996, durante este tempo ainda tive um dia a visita do Mário Viegas ao hospital mas isso conto no próximo post.