Ao fim de um ano, em 1995, a SIC "descobriu", que havia um candidato há Presidência e foi à sala da Companhia Teatral do Chiado. Mário Viegas estava em cena com Europa Não! Portugal Nunca!, que estreou em 1994. Versão completa sem legendas. PARA OUVIR ALTO!
domingo, 28 de outubro de 2012
quarta-feira, 17 de outubro de 2012
VIVA O REI HERODES !!
ou
A PROBLEMÁTICA DAS CRIANCINHAS
COMO ESPECTADORES DE TEATRO
por
Mário Viegas
As Crianças são seres que existem na humanidade há mais tempo do que as gravuras do Vale do Côa.
As Crianças são amadas por todos, é claro! Cada Estrelinha que nós vemos no Céu, é uma Alminha de uma Criança que morreu.
E é que já morreram milhões e biliões!... E, cada dia, os astrónomos descobrem mais!...
Cristo dizia nos seus monólogos (quando andava em digressão pela Galileia):
- "Deixai vir a Mim as Criancinhas!!".
Fernando Pessoa (já com "uns copos"...) dizia, num dos seus Poemas:
- "... o melhor do Mundo são as Crianças.".
O Povo, e a Pova, diz na sua Sabedoria :
- As Crianças são a voz de Deus!".
As Crianças são tão amadas e desejadas que, até os antigos Comunistas, comiam sempre uma ao pequeno-almoço!!!
Mas...
Mas as Crianças, ou melhor, as "putas das criancinhas", são a pior Coisa que há durante um espectáculo de Teatro!!!
Basta estar uma na plateia, para o espectáculo dessa noite estar todo lixado, mais tarde ou mais cedo.
Elas chegam, geralmente acompanhadas pelos Pais...
Os pais são avisados na Bilheteira, que o espectáculo: "Talvez não seja apropriado..."; "É muito grande..."; "Não vão perceber..."; "Acaba muito tarde..."; "Tem cenas pouco apropriadas..."; "não podem fazer barulho..." etc, etc... etc, etc... Tudo tentativas vãs, de afastar "tais Espectadores"...
O Papá ou a Mamã respondem, babados, ameaças terríveis :
- "O meu filho porta-se muito bem."; "Ai, ele é muito sossegadinho!"; "Ah! Ele está muito habituado!"; "O espectáculo não é para todos?!"; "Eu responsabilizo-me!..."; "Se ele fizer barulho, nós saímos." etc, etc, etc...
E elas entram!! Entram !!!
Eu conto-lhes só duas histórias, que se passaram comigo, como Actor, e que demonstram bem como esses "seres", podem dar cabo de uma representação.
Em 1992, na peça "Nápoles Milionária" de Eduardo De Filippo, eu representava o Pai da família. O quarto acto então, era muito emocionante e genialmente escrito pelo genial autor napolitano.
O público ficava preso à acção, num silêncio emocionadíssimo agarrado pelo drama que se desenrolava, em cena. A minha filhinha mais novinha estava a morrer, nos bastidores, e não havia, em Nápoles, (onde decorria a acção, no tempo da II Guerra) remédios, nem dinheiro para a salvar.
Eu arranjara, para mim, uma marcação de cena muito boa! Ficava todo o acto, sempre sentado de frente, numa cadeira colocada no meio da casa da família. A luz da ribalta (uma luz que ilumina a cara, por baixo) salientava-me a expressão de dor, o olhar trágico, as lágrimas que caíam!... E o público ficava ali, preso do meu rosto e olhar!...
Uma tarde, estava um calor horrível na nossa sala e eu suava em bica. E nisto, no meio do maior silêncio e emoção teatral, ouviu-se a Voz Terrível de uma menina, que perguntou:
- "Oh mãe?! Ele está a chorar ou só está a suar?!"
Foi uma galhofa enorme! "caiu a casa!", como se costuma dizer... Estragou-se o De Filippo, a trágica história napolitana, as lágrimas de crocodilo do Actor, tudo!
Pensei (confesso!!) estrangular a menina!...
Outra história! É que não há uma, sem duas....
No outro dia, em Loulé, ao apresentar o espectáculo "Europa Não! Portugal Nunca!" (em que apresento a minha Candidatura à Presidência da Republica) e, depois de muito o público se ter rido e ter feito perguntas, houve um Espectador que disse que havia um menino que também queria fazer uma perguntinha. Eu, armado em Actor Cómico, pedi a todos silêncio, porque era " a Voz de uma Criança, a Voz do Futuro" que ia falar! Estava, nesse momento, a falar-se de coisas muito sérias, graves e poéticas. Ouviu-se, então, a pergunta do menino em todo o teatro , apinhado de gente:
- " E vai dar auto-colantes?!!"
Foi a maior gargalhada e salva de palmas da noite. "Caiu a casa!". E eu que me tinha esforçado tanto!! O cabrão do miúdo ganhou-me aos pontos!
As Crianças (como está provado) são um perigo como Espectadores, quer de uma peça dramática, quer de uma peça cómica.
Para terminar, aqui deixo uma discreta homenagem, como Actor, ao glorioso Rei Herodes, da Galileia, que numa única noite, resolveu "o assunto". É o que vem no Novo Testamento...
Não escapou uma!!
Perdão! Escapou um!!! Escapou um! Dizem que conseguiu fugir de burro com os Pais, da praia da Nazaré, para Belém...
Estamos lixados, há perto de 2000 anos, por causa dele!!...
Hossana!!!
Mário Viegas, Crónica no Diário Económico, 1995.
Herodes, O Grande |
(Foto de Mário Viegas de citizengraveblogspot e a do Herodes estava na net)
terça-feira, 9 de outubro de 2012
MANIFESTO ANTI-CAVACO
INSPIRADO NO MANIFESTO ANTI-DANTAS DO MESTRE ALMADA NEGREIROS, APRESENTADO POR MÁRIO VIEGAS NO TEATRO SÃO LUÍS, LISBOA 6 DE SETEMBRO DE 1995.
«Uma geração que consente deixar-se representar por um Professor Cavaco Silva é uma geração que nunca o foi. É um coio d'indigentes, d'indignos e de cegos! É uma resma de charlatães alaranjados e de vendidos, e só pode votar e parir abaixo de zero!» (Mário Viegas)
Se quiser ler já sabe o que tem de fazer, clique.
«Uma geração com um Cavaco Silva a cavalo, é um burro algarvio impotente!» (Mário Viegas)
«Não é preciso saber contar pelos dedos, para se ser Professor de Economia, basta fazer contas pelos dedos como o Silva! Basta não ter escrúpulos, nem morais, nem artísticos, nem humanos! Basta andar com as modas europeias, com as políticas comunitárias e com as opiniões de Bruxelas! Pôrra pró Cavaco! Pôrra! Pim!» (Mário Viegas)
«Vocês não sabem quem é a senhora Mariani do Cavaco? Eu vou-lhes contar: A princípio, por noticias das "Olás", entrevistas, tempos de antena e outras preparações com as quais nada temos que ver, pensei tratar-se da cantora lírica Francesca de Mariani, que lhe escreveu várias cartas em italiano, apaixonadíssima por ele quando o viu dormir na primeira fila do D. Carlos, durante uma récita, há uns anos atrás e a subir um coqueiro em S. Tomé.» (Mário Viegas)
«O pior é que a Maria Silva foi à serra com as indiscrições do Barão do Norte e desata a berrar, a berrar como quem se estava marimbando pra tudo aquilo. Esteve mesmo muito perto de se estrear com um par de murros na coroa do Chefe do Grupo da Sueca, no que se mostrou de um atrevimento, de uma insolência e de uma decisão social-democrata que excedeu todas as expectativas.» (Mário Viegas)
«Continue o Sr. Cavaco a mandar governar assim, que há-de ganhar muito com as cavacas da Caldas e há-de ver que ainda apanha uma estátua de prata laranja por um ourives de Loulé e uma exposição das maquetes pelo seu monumento erecto por subscrição social-democrata pelo "Povo Livre"...» (Mário Viegas)
«E os Actores de todos os quatro canais de televisão e de todos os teatros pseudo-vanguardistas! Mário Viegas, incluído. E todos os artistas que andaram a mamar dinheiro de Lisboa Capital Europeia da Cultura e futuramente da Expo 98 de que nós já desconfiamos.» (Mário Viegas)
«Pôrra, pró Cavaco (e seus camaradas de várias cumplicidades, cores, silêncios e futuros compromissos), Pôrra! Pim!!»
«Mais de oitenta anos depois do Manifesto dum tal Almada Negreiros»
(Mário Viegas)
(Mário Viegas)
(Desenhos de Almada Negreiros)
«Portugal que com todos estes senhores conseguiu a classificação do país mas atrasado da Europa e de todo o Mundo! O país mais selvagem de todas as Áfricas! O exílio dos degredados e dos indiferentes! A África reclusa dos europeus! O entulho das desvantagens e dos sobejos! Portugal inteiro há-de abrir os olhos um dia - se é que a sua cegueira não é incurável e então gritará comigo, a meu lado, a necessidade que Portugal tem de ser qualquer coisa de asseado!» (Almada Negreiros)
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